terça-feira, 23 de agosto de 2011

ARTIGO CIENTÍFICO: CÂNCER DO COLO UTERINO

O DESAFIO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE FRENTE À REDUÇÃO DO CÂNCER DO COLO UTERINO CAUSADO POR HPV

Elenice Ferreira da Silva¹
Ivana do Socorro Talino Cabral²
Josiana da Cruz Ferreira³

RESUMO
Este artigo consiste em uma revisão bibliográfica sobre o câncer do colo do útero causado pelo papiloma vírus humano (HPV). Esta pesquisa foi fundamentada em documentos disponíveis em meio eletrônico e livros. O HPV é responsável por 90% do Câncer do colo do útero, podendo também acometer homens em menor evidência. A falta de informação da população é um dos principais fatores que influenciam na prevalência de infecção pelo HPV. Há um grande desafio a ser vencido na luta em favor da redução do câncer do colo uterino causado por HPV, para isso o profissional de saúde deve estar preparado para atender os pacientes de maneira integral, prestando assistência clínica respeitando as peculiaridades de cada paciente e divulgando sobre os métodos preventivos com objetivo de reduzir a contaminação e danos causados por eles.
Palavras-chave: HPV, câncer de colo do útero, desafio profissional de saúde.

ABSTRACT
 This article consists of a literature review on cancer of the cervix caused by human papilloma virus (HPV). This research was based on documents available electronically and books. HPV is responsible for 90% of cancer of the cervix, which can also affect men less in evidence. The lack of information of the population is one of the main factors influencing the prevalence of HPV infection. There is a great challenge to be overcome in the struggle for the reduction of cervical cancer caused by HPV, so that health professionals should be prepared to treat patients holistically, providing clinical care while respecting the peculiarities of each patient and disseminating about the preventive methods in order to reduce pollution and damage caused by them.
Keywords: HPV, cervical cancer, health professional challenge
______________________
¹,²,³.Estudantes do Curso técnico de enfermagem do Instituto Albert Einstein, Belém.
INTRODUÇÃO

            O Papilomavirus Humano (HPV) se destaca como uma das doenças sexualmente transmissíveis (DST) mais comuns no mundo. Os especialistas chamam a atenção para o desenvolvimento da doença por ela ser responsável por 90% dos casos de câncer de colo de útero. O Brasil é um dos líderes mundiais em incidência de HPV. A população mais atingida são mulheres na faixa etária entre 15 e 25 anos, embora essa doença também acometa mulheres em outras faixas etárias e também homens. (BRASIL, 2011).
            Alguns tipos de HPV aumentam o risco para câncer genital, principalmente nas mulheres. O exame preventivo tem a capacidade de detectar as lesões que antecedem o câncer, o que facilita o tratamento. Na maioria das pessoas, essas lesões regridem espontaneamente. Em algumas mulheres, porém, a doença pode permanecer e progredir. Nesse caso, elas ficam mais vulneráveis ao desenvolvimento de um câncer. "Esse processo pode levar anos e depende também de outros fatores, principalmente da imunidade de cada um (BRASIL, 2011).”
            Apesar de o ministério da saúde estar investindo recursos na prevenção câncer do colo do útero, ainda há um grande número de mulheres infectadas pelo HPV, o que contribui significativamente para o desenvolvimento desse tipo de câncer. Em 1983 o Ministério da saúde criou o Programa Integral à Saúde da Mulher, com o objetivo de reduzir a morbi-mortalidade de mulheres, dentre suas estratégias encontram-se a redução do câncer do colo do útero através de ações de prevenção e tratamento dos portadores do HPV.
            A principal forma de identificação da infecção por esse vírus é feita através do exame preventivo Papanicolau, porém muitas mulheres não procuram faze-lo por várias razões, tais como: medo, vergonha, falta de informação, falta de confiança nos próprios profissionais.
            Como os sintomas provocados pelo HPV são mais evidentes e graves em mulheres levando muitas vítimas a contrair o Câncer do colo do útero, esse trabalho foi desenvolvido o objetivo de alertar os profissionais sobre a importância de sua participação na luta em favor da redução da morbi-mortalidade causada por esse vírus na população feminina. Através da análise dos principais pontos que contribuem para que esse vírus ainda atinja um número alarmante de pessoas, e destacar o papel do profissional de saúde no desafio de frear a transmissão desse vírus e a sua conseqüente redução dos danos causados aos já portadores dele.

REFERENCIAL TEÓRICO

1-Papilomavírus humano (HPV)
           
            O papilomavírus humano (HPV) é um vírus da família Papilomaviridae capaz de provocar lesões de pele ou mucosa (INCA, 2011). Há mais de 100 tipos, no entanto, estudos revelam que somente 20 infectam o trato genital, seu período de incubação é de 1 a 20 meses, em média três meses. (BRÊTAS et al, apud BRÊTAS; GAMBA, 2006). Sua presença no organismo humano provoca doença que frequentemente manifesta-se como infecção nos genitais tanto em homens como mulheres provocando lesões múltiplas, localizadas ou difusas e de tamanho variável. A localização dessas lesões em homens ocorre nas regiões do pênis, sulco bálano-prepucial, região perianal, nas mulheres ocorre na vulva, períneo, vagina e colo do útero. Essas lesões são caracterizadas por verruga/condiloma genital vulgarmente conhecida como “crista de galo”.
            Sua transmissão pode ocorrer durante o ato sexual onde há microtraumas no epitélio vaginal, na mucosa perianal e intra-anal, facilitando a infecção pelo papilomavírus devido à exposição das células basais presentes no epitélio. O ato sexual, sem preservativo, é a principal via de transmissão, por este motivo considera-se o HPV como uma Doença Sexualmente Transmissível (DST). Porém não devem ser ignorados outros tipos de contaminação, por exemplo, superfícies contaminadas com o vírus (como o vaso sanitário), pois é resistente a água; condilomas genitais externos, adquiridos por auto ou heteroinoculação do vírus; e durante o momento do parto, no qual o feto entra em contato com o trato genital da mãe ou até mesmo no pré-parto através da placenta (BRÊTAS et al, apud BRÊTAS; GAMBA, 2006). Pode ser prevenido através de: uso de preservativo em todas as relações sexuais; realização de exames preventivos anualmente.
            O câncer cérvico-uterino é um problema de saúde pública, devido sua alta incidência e altas taxas de mortalidade. Esta doença apresenta, na maioria dos casos, evolução lenta e sua prevenção consiste em identificar o mais precocemente possível as lesões atípicas no epitélio do colo uterino por meio de exames como a inspeção visual com ácido acético (IVA), cérvicografia e colposcopia, pesquisa de alterações celulares pelos métodos de Papanicolaou, histopatologia, além dos métodos de biologia molecular que identificam a presença de DNA viral nos tecidos. (BEZERRA et al. Apud SILVA, 2011).

2- Programa Integral à saúde da mulher    
           
            O Ministério da saúde criou em 1983 o Programa Integral à Saúde da Mulher, tendo como objetivo a redução da morbi-mortalidade de mulheres, a ampliação, qualificação e humanização da atenção em âmbito integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde (SUS). Encontram-se dentre suas estratégias a redução do câncer do colo do útero através da adoção de medidas preventivas, educativas e tratamento integral (BRASIL, 2004).
            As diretrizes dessa política regem que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve atuar na orientação e capacitação de profissionais, objetivando com isso a oferta da atenção integral à saúde da mulher, atuando na promoção da saúde, atendendo às carências de saúde da população feminina, através do controle de patologias mais prevalentes e a garantindo assim o do direito à saúde. A abrangência dessa política deverá alcançar as mulheres em todos os ciclos de vida, considerando as peculiaridades de cada grupo, sem discriminação de faixas etárias, raça, classe social, dentre outras (Op. Cit.).
            Essa política enfatiza que a atenção à saúde da mulher deve compreende o atendimento à mulher a partir de uma percepção ampliada, considerando assim as particularides de cada mulher, buscando o conhecimento do contexto de vida que esta se inclui para a partir daí traçar as medidas mais adequadas e eficazes para que os resultados alcançados sejam satisfatórios. (Op. Cit.).
            Outro destaque muito importante citado nessa política é quando essa se refere ao princípio da humanização, que nesse contexto compreende-se como: atitudes e compor­tamentos do profissional de saúde que contribuam para refor­çar o caráter da atenção à saúde como direito, que melhorem o grau de informação das mulheres em relação ao seu corpo e suas condições de saúde, ampliando sua capacidade de fa­zer escolhas adequadas à sua situação no momento de vida; que promovam o acolhimento das demandas conhecidas ou não pelas equipes de saúde; que busquem o uso de tecnologia apropriada a cada caso e que demonstrem o interesse em resolver problemas e diminuir o sofrimento associado ao processo de adoecimento e morte do cliente e seus familiares. ­
            O câncer de colo do útero pode ser prevenido com medidas de fácil execução e de baixo custo. Porém somente a realização de exame preventivo não é suficiente, necessita-se que haja mobilização das mulheres mais vulneráveis a adquirir essa doença, incentivando-as a realizarem o exame preventivo, de forma adequada e humanizada e estratégica.


METOLOGIA

            Esse trabalho foi desenvolvido a partir de revisão de literatura sobre o tema concernente ao Hpv e sua correlação com câncer do Colo do útero. Utilizou-se nesse processo de pesquisa fontes disponíveis em meio eletrônico como: artigos de site como Scielo. Utilizou-se também fonte de dados do Ministério da saúde referente às informações sobre dados quantitativos de câncer em mulheres, principalmente o endereço eletrônico do Instituto nacional do Câncer (INCA). Essa pesquisa também foi fundamentada nas políticas de saúde brasileiras de atenção à mulher.

OBJETIVO GERAL
           
            Demonstrar os principais motivos pelos quais ainda hoje há um número alarmante de pessoa com Hpv e câncer do colo do útero mostrando o desafio do profissional de saúde no combate a essa doença.

Objetivos específicos
Ø      Demonstrar os principais motivos pelos quais muitas mulheres deixam de realizar o exame preventivo.
Ø      Demonstrar os níveis de conhecimento das mulheres sobre a doença.
Ø      Alertar os profissionais sobre sua importância no combate ao Hpv, através da sensibilização e atendimento humanizado da população.

RESULTADOS
           
            Com a finalidade de demonstrar os principais motivos pelos quais ainda hoje há um número alarmante de pessoa que contraem o câncer do colo do útero através do HPV, foram analisados vários estudos publicados sobre esse tema, dentre os quais foram escolhidos alguns para que fosse feita uma demonstração desses fatores. Tendo como ponto de partida para a prevenção do Câncer do colo do útero a realização do exame Papanicolau, buscou-se verificar quais os principais impedimentos para realização desse exame de acordo com os pesquisadores.
            Darvim, 2005, realizou um estudo com 120 mulheres o qual mostrou que 60% destas conheciam sobre o exame e 40% delas desconheciam, o autor refere que as principais causas atribuídas a não realização dos exames devem-se à vergonha e ao medo dos resultados.
             Outro estudo realizado na forma de inquérito domiciliar no qual foram entrevistadas 200 mulheres com idade entre 18 e 64 anos, as quais relataram como principal fator da não realização do exame: a falta de solicitação pelo próprio médico e o fato de estar com a infecção, mas não apresentar sintomas. Os mesmos identificaram que 92,5% já tinham ouvido falar sobre o exame, mas apenas 49,5 % possuíam o conhecimento adequado (GAMARRA et al).
            O Ministério da Saúde no ano 1997 publicou, dentre outras, as seguintes barreiras para a diminuição do câncer do colo do útero.
Ø      Desconhecimento das mulheres sobre o câncer do colo do útero;
Ø       Baixo nível de escolaridade;
Ø       Falta de conhecimento sobre o próprio corpo;
Ø       Vergonha e medo de fazer o exame, assim como medo dos resultados;
Ø       Influência familiar negativa, especialmente por parte dos homens;
Ø       Baixa prioridade por parte do profissional de saúde no atendimento integral das mulheres, muitas vezes por compreensão errônea sobre os objetivos da ação;
Ø       Falta de privacidade durante os exames;
Ø       Falta de qualidade e humanização no atendimento; (BRASIL, 1997).

DISCUSSÃO

            Como demonstram os resultados, os fatores que mais contribuem para que muitas mulheres não busquem o tratamento preventivo é a falta de informação sobre sua importância, o que demonstra que precisam-se de profissionais capacitados para atuarem não somente dentro de um posto médico mas também fora dele através e trabalhos educativos.
            Outro ponto que chama atenção é em outro estudo desenvolvido, algumas entrevistadas responderam que não realizaram o exame porque o próprio médico não solicitou o que demonstra falha da parte dos profissionais ou falta de conhecimento necessário sobre a importância da realização desse exame na detecção do Hpv, ou por negligência, fato esse que não deve ocorrer quando se trata de uma doença vem causando conseqüências desastrosas na vida de muitas mulheres.
            Os resultados apresentados por Darvim, 2005 assim como o Ministério da saúde identificaram que muitas mulheres não procuram fazer o exame por vergonha. Isso é muito comum principalmente na população de baixa escolaridade, dentre as quais poucas tem informação sobre essas doenças e sua forma de transmissão. Para isso o profissional da saúde deve estar atuando em conjunto com a comunidade a fim de levar o conhecimento mais perto de população, esclarecendo a importância da realização de exames preventivos na detecção precoce do câncer, e também passem a conhecer como funciona o tratamento e que podem contar com uma equipe capacitada e disposta a atendê-las com respeito.
            Outros fatores importantes observados pelo Ministério da Saúde como barreiras pelas quais muitas mulheres não realizam o exame Papanicolau são: a falta de humanização e falta de privacidade durante os exames, esses fatores merecem atenção dos profissionais quanto ao respeito às pacientes, que precisam sentir-se à vontade, segura, sendo tratada com dignidade, respeitando suas particularidades e sua cultura.
            Vergonha ou medo também são citados nas pesquisas como impedimento, está relacionado principalmente ao nível de escolaridade das mulheres prejudicando o acesso à informação, pode-se a partir dessa conclusão categorizar que essas mulheres precisam de um atendimento especial, mais abrangente, levando em consideração, não só a realização do exame propriamente dito, mas de atenção psicológica, levando esta a entender que se trata de um exame simples, e além de se prevenir, tornar-se multiplicadora desse conhecimento às demais pessoas de sua própria família ou de sua localidade.


COSIDERAÇÕES FINAIS

            Apesar de haver bastantes meios de informações sobre doenças sexualmente transmissíveis, pode-se perceber que o Hpv ainda não é muito conhecido entre as mulheres, o que provoca danos alarmantes na população mundial, e o Brasil é um dos líderes de pessoas infectadas por esse vírus. O ministério da saúde vem investindo em políticas que buscam a melhoria da saúde feminina, principalmente as neoplasias como a do colo do útero que é uma das que mais mata mulheres nesse país. Entretanto, não bastam criar políticas, é essencial que os profissionais que se sensibilizem e se disponibilizem para mudar esse quadro de saúde que vem trazendo conseqüências catastróficas na vida de grande parte da população feminina brasileira.
            Os profissionais devem atuar de maneira integrada, tanto médicos como enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais profissionais envolvidos. Os profissionais que lidam diretamente com as pacientes em consultórios devem tratá-las de forma respeitosa, evitando que muitas deixem de realizar o exame por sentirem-se desrespeitadas. É importante que se exerça a ética profissional prestando esclarecimentos sobre a importância da realização do
exame preventivo periodicamente e sua forma de prevenção. Os profissionais que trabalham em centros comunitários de saúde podem realizar palestras, oficinas, criando estratégias pra que a população tenha acesso à informação e passe a prevenir-se diminuindo assim a infecção e a conseqüência desse vírus. O Câncer do colo do útero pode ser reduzido significativamente, mas para isso deve haver uma interação entre profissionais da saúde e a população.



























REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARE, B. G.; SMELTZER, S. C. BRUNNER e SUDDARTH. Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgico. Ed. Guanabara Koogan. ed 10. Rio de Janeiro, 2005.


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_______.Prevenção do Câncer do Colo do Útero. Manual Técnico Organizando a Assistência. Ministério da Saúde. Brasília, 2002


BRÊTAS, P.C.A.; GAMBA, A.M. Enfermagem e saúde do adulto. Ed. Br., Manole: São Paulo, 2006.


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GAMARRA, CJ; Paz, E.; GRIEP, RH. Conhecimentos, Atitudes e prática do exame de papanicolau entre mulheres argentinas. Rev.Saúde pública 2005; 39(2): 270-6.


NAKAGAWA,JaneteTamaniTomiyoshi;SCHIRMER,Janine;BARBIERI,Márcia.Vírus HPV e câncer de colo de útero. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília,DF, v.63, n.2, Mar/Abr. 2010. Apud: SILVA, Elisangela da. A impotância da Prevenção no diagnóstico de alterações pré-neoplásicas do colo uterino. disponível em: http://www.webartigos.com/articles/65344/1/PAPILOMA-VIRUS-HUMANO-HPV.Acesado em 17/08/2011.




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